“Chegamos para os acolhimentos e realizarmos as vídeos chamadas. Aparentemente a ala estava tranquila, pacientes estáveis, todos medicados, orientados e contactuantes. Entre uma chamada e outra, algum paciente não possui contato com a família, pq ainda não tiveram seus telefones cadastrados. O paciente todo calmo, entende que não teria como conversar com sua família e diz que tudo bem. Nesse momento restava apenas uma certeza, precisávamos realizar essa vídeo chamada, era uma promessa.. quase finalizando o expediente, retornamos naquele paciente como prometido, vídeo chamada foi realizada, ele feliz, aliviado.. sua família feliz e aliviada e a gente tbm.. cumprimos mais um dia com sucesso.
O próximo plantão chega, e o primeiro recado do dia “paciente x veio a óbito”. Um filme passou, o coração apertou, mas entendemos o pq aquela chamada tinha que ser realizada naquele dia. A despedida precisava acontecer.”
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Estamos diariamente numa linha muito tênue entre a vida e a morte, entre o querer viver e a vontade de desistir de tudo, entre a certeza do dia de hoje e a incerteza do dia de amanhã.
E entre uma linha e outra a gente apenas busca estar no meio do caminho, buscamos trazer a esperança, buscamos aliviar as angústias, buscamos um sorriso tímido, um aperto de mão, um olhar com lágrimas, tanto de medo quanto de esperança.
Nós sabemos que no fundo não sabemos de nada, mas que podemos dar nosso melhor, nos erros e acertos, certezas e incertezas, a vontade é a mesma.. Acreditar! Acreditar no nosso trabalho, na importância do acolhimento. No início da vida, até o último suspiro. Estaremos lá!