Desabafo do Girassol

Descobri de forma muito dolorosa que não posso compartilhar meus sentimentos com a pessoa que escolhi dividir a vida. Eu sempre busquei uma pessoa que olhasse pra dentro de mim, que gostasse de me ouvir. Cheguei a terminar o namoro com um rapaz que eu amava porque ele não era muito comunicativo, e olha como acabei. Agora sinto a necessidade de falar com estranhos, de forma anônima, para aliviar o vulcão de sentimentos que vivi dentro de mim.
Eu pensava que meu problema fosse só a ansiedade generalizada, mas o maior problema é que eu não soube me entender. Não olhei pra dentro de mim e disse: vai por aqui. Eu apenas me deixei levar pelos sentimentos, e isso quase me arruinou. Ainda tem uma arma apontada para a minha cabeça, só esperando o momento de errar.
Eu cheguei a esse ponto, não só por culpa minha, foi resultado de uma incompreensão e falta de empatia. Foi eu querer algo que não existe. Sabe quando você é criança e sonha com um final feliz? Então, mas aí você cresce e te falam que o mundo de Alice não existe. Não te salvam da torre, te jogam de cima dela, e te culpam por ter se quebrado com a queda.
É injusto e cruel pagar por algo que fizeram com você, e ser acusada constantemente de que suas ações estão erradas, ainda que você não tenha controle, porque tudo o que faz é reflexo do que te fizeram. Então você é obrigado a se acolher, a buscar métodos de salvar-se, buscar jeitos de enfrentar as tempestades sozinha. A sociedade reclama das máscaras, mas ela nos obriga a usar. Nos obriga a ser apenas uma casca, a matar a carne que nela habita. Somos os escravos do novo século, se não mantivermos nosso cérebro em gaiolas e encaixotarmos nossos verdadeiros sentimentos, somos punidos.
É a doce ilusão de ser livre, ser feliz. Entretanto, você não é nem livre e nem feliz. Na verdade, você só existe porque não tem a opção de deletar sua máquina. Por fim, um brinde àqueles que vivem, enquanto eu só existo.