O seu maior golaço na vida foi ter superado os seus problemas de saúde mental
Frederico Chaves Guedes, mais conhecido como Fred, é um ex-futebolista brasileiro que atuava como centroavante. Com 417 gols marcados, é um dos maiores artilheiros da história do campeonato brasileiro. Foi revelado pelo América-MG em 2003, e assim construiu uma bela carreira passando por Cruzeiro, Lyon-FRA, Fluminense e Atlético Mineiro além de ter sido convocado para a Seleção Brasileira participando de duas copas do mundo (2006 e 2014), porém em certas etapas de sua carreira, Fred teve que lutar contra a depressão pela saudade de sua família e más atuações em campo.
ALTOS E BAIXOS NA EUROPA
Fred teve uma passagem pelo Lyon, uma equipe francesa por onde atuou entre 2005-2009, e quando perguntado sobre essa fase, respondeu: “Me senti bem (jogando na Europa), mas o que mais me arrebentou lá era que eu tinha 21-20 anos de idade e aí foi quando eu me separei, aí minha filha que tinha menos de um ano veio para o Brasil e ali acabou com a minha cabeça”. O centroavante completou dizendo que todo dia pós treino sempre ia para a rua e passava o resto do dia bebendo pois não havia mais prazer em jogar futebol e complementa com uma história de que viajou para o Brasil ficando por dez dias sem contatar o clube, ficando assim “desaparecido”. Fred usava as bebidas para esquecer de seus problemas e lutar contra a tristeza, e complementou dizendo que sempre quando chegava em casa, via ela toda vazia e se sentia sozinho.
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SUA VOLTA AO BRASIL
“Em 2009 quando voltei para o Fluminense, eu voltei achando que essa vinda para o Brasil iria estar perto da minha filha e iria resolver meu problema, isso foi um engano, eu fiquei seis meses da mesma forma jogando no Brasil e até pior. Quando eu vi que o time tava praticamente rebaixado e eu estava sendo uma decepção para aquela galera inteira, pro clube inteiro que confiou em mim, ali eu acordei pra vida, aí veio meu Irmão, meu Pai e o Francis ( Empresário de Fred) e conversaram comigo como filho mesmo, ali eu fiquei seis meses sem fazer nada e depois o time disparou e saiu do rebaixamento”, diz Fred, e complementa que o Esporte o tirou desse mal caminho, continuou dizendo que ele sempre dormia 6 da manhã após a noite inteira se embriagando e ia para os treinos do clube em um clima totalmente deplorável.
ISOLAMENTO SOCIAL E PROFISSIONAL
Após o vexame sofrido da Seleção Brasileira perante a Alemanha na Copa de 2014: o famoso 7×1, Fred diz que foi acolhido pelos funcionários da CBF lhe oferecendo lugares calmos fora do Brasil pois o centroavante foi extremamente criticado pelas suas atuações nessa edição do Mundial entre Seleções. Fred pediu isolamento do clube para se tratar pessoalmente, e colocando a sua própria carreira em risco, isso se deve ao fato de que Fred também deu a opção de que seu time na época, o Fluminense, pudesse rescindir seu contrato se ficasse insatisfeito por tal decisão do jogador: “Eu preciso ir para a roça, para a fazenda só eu e meu pai”. Necessitando de calma e cuidado, Fred passa cinco dias na fazenda de seu pai passando por sérias discussões e motivações e diz que foi totalmente curado e que já estava pronto para o próximo jogo do Fluminense. Em seu retorno foi artilheiro do Campeonato Brasileiro e calou os críticos.
COMO ESTÁ FRED HOJE EM DIA
Fred, atualmente é Diretor de planejamento esportivo do Fluminense, o craque se aposentou em 2022 pois foi diagnosticado com um problema na visão que o incomoda desde 2020: a diplopia, ou visão dupla, que faz a pessoa enxergar imagens dobradas e que pode atingir um ou os dois olhos. No caso de Fred, ela é monocular, afetando o olho esquerdo. Porém nunca mais sofreu com depressão, pois está bem feliz estando com sua família e mesmo estando fora dos gramados, ainda pode desfrutar do seu amor e prazer com o futebol.
Em entrevista ao Esporte Espetacular, Fred conta sobre sua carreira e luta contra a depressão:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no mundo inteiro, cerca de 300 milhões de pessoas sofram de depressão.
Classificada como uma “crise negligenciada de saúde global”, a doença tem números relevantes no Brasil: segundo dados da pesquisa Vigitel 2021 (realizada pelo Ministério da Saúde), 11,3% dos entrevistados disseram ter recebido diagnóstico médico para depressão. Entre os homens, o percentual foi de 7,3%; nas mulheres, foi o dobro (14,7%).