Enquanto vivia o auge de sua carreira no Barcelona, Andrés Iniesta enfrentava uma batalha contra a depressão fora dos campos. Em uma recente participação no podcast “The Wild Project”, o atual jogador do Vissel Kobe, do Japão, revelou que os primeiros sinais da doença apareceram entre 2009 e 2010, sendo a morte do amigo e jogador do Espanyol, Dani Jarque, um dos principais gatilhos.
“Quando eu estava lutando contra a depressão, a melhor hora do dia era quando eu tomava meus remédios e ia para a cama. Perdi a vontade de viver. Abracei minha esposa, mas foi como abraçar um travesseiro”, contou Iniesta. Durante esse período sombrio, Iniesta era uma das principais estrelas do Barcelona, que havia acabado de conquistar o Triplete (Copa do Rei, Campeonato Espanhol e Champions League). Em 2010, o meio-campista ainda se tornou herói nacional ao marcar o gol do primeiro título da Copa do Mundo para a Espanha.
O QUE FOI FEITO?
Apesar de garantir que está melhor atualmente, Iniesta continua fazendo terapia e destaca a importância de ouvir profissionais de saúde mental. “Continuo fazendo terapia porque preciso me consertar. Gosto de ouvir profissionais falarem sobre doença mental e depressão. Com o tempo, a vida ensina que depressão e doença mental podem afetar qualquer pessoa. Não se trata de coisas materiais que posso ter os carros do mundo e tudo o que eu quero, mas ainda é difícil enfrentar os problemas da vida”, declarou.
A experiência de Iniesta ressalta a importância da saúde mental, especialmente entre atletas de alto desempenho. Seu relato sincero ajuda a desmistificar a ideia de que sucesso e riqueza são antídotos contra a depressão, e reforça a necessidade de um suporte emocional adequado para todos, independentemente de sua condição financeira ou fama.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no mundo inteiro, cerca de 300 milhões de pessoas sofram de depressão.
Classificada como uma “crise negligenciada de saúde global”, a doença tem números relevantes no Brasil: segundo dados da pesquisa Vigitel 2021 (realizada pelo Ministério da Saúde), 11,3% dos entrevistados disseram ter recebido diagnóstico médico para depressão. Entre os homens, o percentual foi de 7,3%; nas mulheres, foi o dobro (14,7%).