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Lua Orion

Autoagressão

É horrível a sensação de não conseguir se expressar. Quero conversar, mas não tem ninguém. Quero me expressar, mas não consigo organizar como falar. Ha pouco tempo comecei a me dedicar em me conhecer, e agora quero trabalhar em cima das minhas falhas.
Meus pais tinham uma mania de dizer ”engole o choro”, ou ”vou te dar motivos pra chorar de verdade”, e se seguiam varadas ou chineladas. Sempre por motivos idiotas, como eu ficar até mais tarde brincando, ou por não querer comer uma comida que eu não gostava… enfim, coisas de criança, mas que gerava uma certa punição dos meus pais, nunca muito violenta em comparação ao que eles sofreram, mas ainda assim desproporcional ao que eu fazia.
Meu pai querendo me ensinar matemática, mas quando eu tinha dificuldades, ele jogava meus materiais no chão gritando, quebrava meus lápis e canetas.
Eu nunca tinha parado pra perceber isso, ligar uma coisa na outra, sabe… mas acredito que isso tenha ligação com a minha reação exagerada quando me sinto atacada, injustiçada.
Eu não tenho explosões de raiva momentânea, não é isso. Mas se meu namorado ou minha mãe começam a brigar comigo, eu sinto ódio de mim e começo a me machucar instantaneamente. Dou socos fortes na cabeça, nas pernas, no rosto e no peito, além de socar porta, dar cotovelada em espelhos pra ver se ele quebra e me corta, e.t.c, tudo na frente deles. (Moro com minha mãe, ele mora com a dele).
Consigo ficar de boa em estresses de trabalho e afins, mas quando vem da pessoa que amo, parece que fere lá no fundo, e ao invés de eu sentir raiva da pessoa, eu sinto de mim.

Hoje está sendo o primeiro dia do meu namorado em seu primeiro emprego de carteira assinada e ele não tinha dinheiro pra passagem. Pedi 10 reais emprestado pra mãe, pra eu não ter que ir na rua sacar, e logo ela começou a chamar ele de vagabundo, me chamou de vagabunda, palhaça que sustenta vagabundo, disse ”essa filha da puta não serve nem pra tomar um café da manha comigo”.
Essa ultima fala dela se dá, pois desde que comecei a namorar eu acabei saindo mais de casa, estamos aprendendo artesanatos pois queremos trabalhar com nossa arte, e isso fez com que eu passasse pouco tempo em casa, já que volto do trabalho a noite e nós dois saímos juntos para treinar artesanato. Isso fez eu ficar mais ausente de casa e ela se sente sozinha e abandonada, palavras dela.

Então eu carrego essa culpa de estar prestes a sair de casa, me sinto culpada por não ficarmos mais juntas como sempre ficamos, mas não acho justo vir pra cima de mim querendo me bater, me empurrando na cama, socando minhas costas… e isso só fez eu sentir mais raiva de mim e comecei a me bater, gritar com toda força. Depois ficamos mais calmas e nos acertamos, nos desculpamos.
Mas agora estou com um galinho perto do olho direito por causa do puta soco que me dei, e percebo o quanto isso faz mal pra mim.

Também tenho a sensação de não governar a minha vida, nao saber o que quero, não ter força de vontade pra nada. Nunca tive, na verdade. Nunca dei atenção as minhas vontades, aos meus prazeres, nunca cuidei das minhas feridas e só fui vivendo, me ignorando. Hoje quero cuidar de mim, mas não sei como. Parece que não sei quem sou, que não tenho personalidade.
É muita coisa pra minha cabeça, as vezes estou bem, mas as vezes isso pesa demais.
Muita coisa pra escrever, se eu pudesse, escreveria 100 páginas.

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  • março 3, 2022
    Luana Piekoski

    A resolução de se auto conhecer é muito acertada, pois somente com o autoconhecimento podemos mudar as coisas em nossa vida com firmeza e confiança, de que é exatamente isso que queremos. Então, invista ainda mais em você mesma. Aprenda meditação, aprenda a auto observar-se constantemente, para entender os gatilhos que disparam a culpa e a raiva. E comece a questionar as motivações de sua mãe para tanta agressividade. Se tiver condições, faça terapia. Nas universidades tem atendimento gratuito, tem que entrar na fila, fazer seu cadastro e aguardar. Enquanto isso, vá buscando por si mesma modificar suas atitudes que você considera errada, com carinho consigo mesma, com paciência, sem culpas, pois todos somos aprendizes nesta vida, ninguém é mestre. Leia Alguns filósofos e medite sobre suas máximas. Ou, assista aos vídeos de Elena Klein no Youtube. Ela nos mostra como agir em algumas situações ruins e como nos auto observar para sermos melhores. O Seiiti Arata também tem vídeos curtos e práticos para ensinar a lidar com conflitos do dia a dia. É esse tipo de conteúdo que nos acrescenta, que nos ensina o caminho da auto compreensão. Dedique bastante tempo ao seu auto aprimoramento. Boa sorte.

    • março 4, 2022
      Lua Orion

      Obrigada pela ajuda, Luana, vou procurar os vídeos que me indicou.

  • março 2, 2022
    Noname

    Eu sou péssima com palavras, mas espero que da minha forma consiga te passar o quanto entendo o seu relato... Quando algo vem de quem amamos a dor é diferente, ela vem lá do fundo e te quebra. É difícil entender como alguém que a gente ama tanto, pode nos machucar dessa forma.... Mas Lua, por mais dificil que seja não se machuca :( Eu sei que falar é fácil, mas você não merece isso, e espero que você se lembre sempre que não temos culpa pela forma que os outros agem conosco. É muito injusto sim e você pode se sentir muito sozinha por isso, mas se quiser conversar tô aqui! Espero que esteja bem, e que tudo de melhor alcance você e sua vida <3

    • março 4, 2022
      Lua Orion

      Poxa, muito obrigada por vir aqui me oferecer seu apoio. Eu quero quebrar esse ciclo de agressão. Meu corpo tá todo machucado, fora que ontem acabei dando uns tapas no braço do meu namorado, além de socar minha coxa e minha cabeça. Eu nãos sei que droga é essa, não sei ainda controlar esse instinto de querer me punir, ou pior, de deixar minha mão ir até ele. Não justifica nada, pq eu sempre estarei errada enquanto eu agir assim, mas nele eu dou tapas nos braços, já em mim eu soco meu rosto, pernas, puxo cabelo, me corto, faço muito pior. Ainda assim, a sensação merda que fica depois é um buraco no peito. Foda é não conseguir se perdoar por fazer isso em si mesma e por ainda machucar quem eu amo. Obrigada pelas palavras carinhosas, espero conseguir tratar esse lado tóxico. Mas obrigada, de verdade, por se preocupar.

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