Limites

Meu nome é Solane e eu nem sei o que escrevo aqui. Faz tanto tempo que guardo as coisas para mim mesma, que fica difícil se abrir novamente, mas eu preciso, preciso dizer como me sinto ainda que ninguém leia. Não sei se isso é seguro, mas eu preciso expor isso em algum lugar. Sou Solane, e sou bissexual. Estou apaixonada, completamente apaixonada como nunca estive na minha vida inteira, e pelos deuses como isso dói. Dói pq para o início dessa conversa, vivemos uma linha de realidade tão diferente, e eu simplesmente não tenho nada na minha vida. Estou estudando mas nunca tive se quer um emprego, não tenho independência, e sinceramente acho que nem independência emocional eu tenho. Ela é o amor da minha vida mas sinto que irei perde-la pela vida dela ser bem mais avançada que a minha. Moro com meus pais, e eles são tão conversadores, sinto que isso um dia vai explodir e eu nunca, de maneira nenhuma posso perde-la. Que ironia meu nome ter o apelido de Sol, e eu não ter sequer nenhum brilho atualmente em mim mesma. Meus dias são sempre o mesmo, eu não tenho nada para se orgulhar de mim mesma, sinto como se os dias tivessem passando em 2x, e eu paralisada. Ninguém entende, literalmente ninguém poderia entender ou me ajudar, pq sou sozinha, minha mente é sozinha eu me criei assim. Estou tão cansada, apenas gostaria de conquistar meus sonhos, meus planos, depender de mim e apenas de mim mesma, e viver com a mulher que eu amo, por deuses é tão simples mas parece tão longe e tão distante, tão impossível. É tanta pressão na minha própria cabeça que eu sinto que ela vai explodir a qualquer momento, como uma panela. E com isso gera a insegurança, o medo. Todos me vêem como confiante mas a única coisa que sou é uma covarde patética, é isso que eu sou, completamente covarde. Não quero viver sem conquistar nada, isso está me cansando. Não quero desistir mas as vezes parece que no fundo é a única coisa que me resta, o mais fácil, o mais prático. Talvez possa existir outra vida, onde eu não tenha perdido a saúde mental para a adolescência e uma família conturbada e homofóbica, talvez em outra vida eu não tenha desperdiçado minhas chances na juventude, talvez em outra vida eu seja uma pessoa boa e descente, enfim talvez não exista outra vida. Estou cansada, cansada, cansada, cansada, cansada, cansada e cansada. Sou uma mulher covarde e cansada