Não me contaram

Hoje, iria fazer três semanas desde que a cachorrinha da minha tia começou a ficar doente. Minha tia levou ela no veterinário, e por meio de exames, descobrimos que ela estava com um problema de coração e pneumonia – ela já tinha tido pneumonia três vezes, estava completando a quarta. Ela estava tratando das duas doenças, minha tia e minhas primas não pouparam dinheiro para tratar dela, mesmo estando em uma difícil situação financeira. Minha tia fez um empréstimo de R$1.000,00 para pagar o veterinário e os remédios. No meio da semana passada, uma das minhas primas, levou ela no retorno para fazer uma nova bateria de exames, descobrindo por meio de um deles que ela estava com anemia. A cachorrinha sempre foi muito seletiva quando o assunto era comida, ela não comia ração por não ter os dentinhos, comia apenas sachê, mesmo assim, tinha dias que ela não queria comer. Depois da descoberta da anemia, ela estava comendo forçada, tinhamos que segura-la, abrir a boca dela e dar a comida com seringa. No sábado, dia 7, combinei de ir na casa da minha tia para leva-la ao veterinário com minha prima. Acabei chegando atrasada e não consegui ir, mas mesmo assim, fui a casa da minha tia. Passei a tarde inteira lá, e a cachorrinha parecia ter melhorado bastante – segundo a própria veterinária. Na madrugada de sábado para domingo, eu não dormi. Estava com uma sensação ruim. No domingo (ontem), meu pai e minha irmã saíram e eu fiquei para ajeitar algumas coisas em casa. Estava lavando tapetes, quando recebi duas ligações da minha prima. Fiquei tensa, já imaginando o pior. Retornei a ligação. Depois de dois toques, minha irmã atendeu. Fiquei sem entender, pensei que meu celular tivesse pifado, trocando os contatos salvos. Ela me disse que tinha ligado para o número errado, tinha intenção de ligar para meu pai. De imediato perguntei o porquê de ela estar com o celular da minha prima, mas ela não quis me responder. Passei o resto da tarde aflita, pensando que a cachorrinha tinha morrido. Na tentativa de esclarecer minhas dúvidas, pensei em ligar diretamente para minha tia para saber se tudo estava ok, mas minha covardia foi mais forte, não queria receber a tão temida notícia. A todo momento, minha mente “gritava” a verdade para mim, mas meu coração me ludibriava, me fazendo acreditar que era apenas paranóia minha. Acabei indo para o lado do meu coração. Quando meu pai e minha irmã chegaram, disseram que não tinha acontecido nada. Ao longo do dia, perguntei várias vezes se tinha acontecido algo, mas eles juravam “de pé junto” que não tinha acontecido nada. Eu estava desconfiada, a todo momento sentia que tinha algo errado. Mandei mensagem para uma das minhas primas, e esperei… Esperei pelo resto do dia, e ela não me respondia. A sensação ruim estava me comendo por dentro. Não consegui dormir direito, não conseguia. De madrugada, mandei outra mensagem para ela e esperava receber a resposta de manhã. Lá para as 11:10PM, ela me respondeu. A cachorrinha morreu mesmo. A resposta dela foi seca e irônica, e eu sei o porquê. Não é só porque ela está chateada, é porque ela pensa que eu já sabia da morte da cachorrinha. Já que meu pai e minha irmã sabiam, consequentemente eles me contariam. Mas ele não me contaram! Não me contaram! Eu fiquei como má na história. Minha prima deve estar pensando que eu já sabia do falecimento da cachorrinha e estava cutucando a ferida para fazer ela falar. Mas não foi nada disso! Eu não sabia de nada! Não faço ideia de como irei reverter essa situação.