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Sem apoio

Sofri muito no colégio, algo que não tinha nome na época, hoje conhecem como bullying.
Eu sempre fui muito retraído, e nem era incentivado a ser aberto, minha própria casa era cheia de problemas, meus pais separados, não tenho lembranças deles juntos, minha mãe me sustentou, minha avó cuidava de mim.
Meu pai era totalmente inconsequente, era uma pessoa que nunca deveria ter tido família, nunca conseguiria, ele não ligava para nada, e se gabava disso.
Vivia de trambiques, nunca tinha nada, não ligava nem para a aparência, as vezes eu tinha vergonha dele, de suas atitudes, ele se achava livre, de certa forma era mesmo, mas nunca assumiu nada, vinha me ver e tudo, saíamos, mas não era ele que arcava com tudo, é fácil quando não é você que paga a conta da “zueira”.
Quando eu falava alguma coisa ele dizia que eu tinha tudo, (claro, minha mãe deu, não ele) quando ia na casa da família dele, eu era bem recebido, mas era visto como mimado, mauricinho, “burguesinho”.
Ele foi durante muito tempo o único amigo que tive, pois não tinha outros nem na escola, um amigo que via de final de semana, quando via, parecia mais amigo adolescente inconsequente, pois paí mesmo nunca tive.
Eu via outros país, de outras crianças, ou mesmo meus tios, todos estudados, se vestiam bem,meu pai parecia um maloqueiro. Um louco. Não era pessoa ruim, mas era a pessoa que só servia para “zuar”, que queria viver a vida sem limites, sem responsabilidade, e é claro, sem arcar com nada.
Quando eu tentava pedir um conselho, (eu era um idiota de fazer isso, era moleque, o que eu sabia?) Ele sempre respondia com alguma coisa tipo, “vai pra cima”, “que e f….”, ” mete as caras” ou seja pode tudo, claro,.ele nunca teve responsabilidade, ou então se gabava de ter feito a “faculdade da rua, da sarjeta” mais um motivo e vergonha para mim. Hoje eu lembro e sinto asco, repulsa, muita vergonha e ressentimento.
Muito tempo depois, no final, se meteu com uma mulher mais louca que ele, viviam brigando como loucos, até as vias de fato, o que era lamentável, vivia jogado no sofá ou algum canto feito um saco de b…, brigando com a maluca.
O pouco que tinha, quase nada, perdeu com a maluca que tinha uma filha. Um dia vi meu pai falando no telefone, cuidando dos rolos dele “agora tenho família para sustentar…” Fiquei puto da vida, mas não falei nada, não sei por que.
Depois um dia quando eu perguntei como ele aguentava viver com aquela mulher, ele me falou que “tinha coisa até o final da vida com ela”, dando a entender que eu não podia interferir, entendi isso, pois falaram isso para ele no terreiro de umbanda, centro espírita, sei lá, não quero saber, não quero saber, outra coisa que me envergonhava.
Pela primeira vez fiquei com raiva dele, a minha vontade era quebrar a cara dele, aquilo me parecia uma facada nas costas, minha raiva foi tão grande que fiquei mudo.
Só que aí eu já era maior de idade não aguentei mais, cansei daquela m… Fui embora, ele percebeu e foi atrás tentou falar, mas não teve jeito, falei um monte, falei para ele curtir a p… da vida dele com a p… “família” nova dele, pois a velha ele nunca honrou, que eu tinha vergonha dele e que aquilo me enjoava, ele perguntou onde eu ia, eu falei que ia para o inferno e para me deixar em paz, ele ficou transtornado, não lembro mais, estava com muita raiva, fui embora e não olhei para trás.
Não falei mais com ele durante muito tempo, anos, ele não me procurou também, para mim acabou.
Muito tempo depois fui vê -lo, estava tudo do mesmo jeito, uma lástima, ele me falou “estou cansado de viver, quero ver como é do outro lado”, quando fui embora, estava decepcionado, porém aquilo já estava dentro do esperado, nenhuma novidade, algo me disse para dar um abraço nele, ele ficou sério como nunca antes, ficou sóbrio, até achei estranho. Depois não me ligou de novo durante muito tempo, ou seja, nada mudou, mas nem esperava isso mesmo, aquele foi o último abraço, espero que a curiosidade dele sobre o outro lado esteja satisfeita, espero mesmo.
Um dia quando ainda era criança, ele me falou, que se eu tivesse um filho, “eu vivesse para ele”, na época eu nem prestei
atenção, mas depois de adulto pensei, “viver para o meu filho do mesmo jeito que você viveu para mim?” Não mesmo, eu honraria minha família, se tivesse.
Minha mãe era muito revoltada e amargurada, por causa do meu pai e outros problemas com o pai dela, meu avô, que pouco eu via, minha avó era mais revoltada e frustrada ainda, não eram tolerados deslizes da minha parte, tudo era rígido, eu que nem tentasse sair da linha, levei broncas tão pesadas que achei que ia ser jogado na rua, fiquei com medo, com medo dentro da casa
onde eu morava.
Com meu pai não tinha limite, com minha mãe, era extremamente rígido, minha mãe era muito brava, muito nervosa e perdia a paciência com muita facilidade, tinham pouca paciência comigo.
Eu via a raiva nos olhos delas quando estavam nervosas, a raiva era do meu pai, e do meu avô também, mas era despejada em mim.
As comparações eram frequentes, “você é igual a seu pai”, “olha o seu pai, ele está na rua da amargura, quer ficar que nem ele?”e coisas assim, fora as comparações com.meus primos e primas, que eram “exaltados” pelos pais quando iam em casa, eu era a raspa do tacho, peguei o bonde andando, como dizem, meu pai era muito mal visto, muito mesmo, ele era considerado um vagabundo e eu era o filho do vagabundo, claro.
Vivi sozinho em casa e na escola, minha avó estava quase sempre doente, eu ficava meio que sozinho a maior parte do tempo, não tinha como sair na rua pois era perigoso (era mesmo), não sabia jogar bola, não fazia atividade, não fazia nada,.só brincava sozinho com meus brinquedos, quando criança.
Sempre me falavam, “somos pobres”, e ficava subentendido que eu nem pensasse em arrumar problemas.
Eu estudava em um colégio católico, das freiras da mesma congregação da primeira “Santa” brasileira, que não era brasileira e sim italiana.
Porém naquele colégio, Deus era a última coisa que tinha, mais provável é que o que tinha lá era o diabo mesmo, sim isso mesmo, eu não sei por que, mas haviam gravíssimos problemas de disciplina, extremamente graves, alguns pais ameaçaram ir no conselho tutelar,.deveriam ter ido mesmo, me lembro até do nome do aluno que foi agredido.fisicamente.
Enquanto as “irmãs” viviam no mundo da fantasia católica, achando que estavam em “missão” para educar as “criancinhas” e os “jovens”, a balbúrdia e as agressões comiam soltas, sem controle.
Eu fui muito desprezado, hostilizado e humilhado, como muitos outros também, só não foi pior por que eu sempre fui grande, apesar de gordo, pois comia muito, mas fisicamente não conseguiram me atingir, mas nem precisava, era tão humilhado que não fazia diferença.
Não adiantava nada reclamar para os professores ou para a diretoria, pois eles davam bronca na hora e viravam as costas, aí era pior ainda.
Tinha poucos amigos, desajeitado, gordo, tímido, retraído, não sabia jogar futebol, não sabia nada.
Em casa não tinha apoio nenhum, minha mãe sempre nervosa, quando eu tentava falar ela ficava furiosa, “eu trabalho como uma louca e ainda tenho que aturar isso?”, e claro, tudo era por que meu pai não estava presente. Eu entendi que estava atrapalhando, sendo um fardo, ou que era eu que estava
Odiava a escola, fui muito mal, não gostava de estudar, aquilo me lembrava as humilhações e para piorar meus primos arrogantes estudavam lá, e sempre me falavam para não falar nada para eles, ou seus
pais, pois eu tinha notas baixas e vivia de recuperação.
As meninas me desprezavam muito, lembro que riam de mim e de outros alunos por que não sabia jogar nada e ainda éramos obrigados a jogar.
Um dia uma delas disse que eu era nojento, nunca nem tinha falado com ela, mas eu era nojento.
Os professores estavam sempre estressados e gritavam por qualquer coisa.
Uma professora me empurrou na frente da classe, outro professor gritou comigo feito um louco por conta de uma lição que eu esqueci de fazer, hoje eu quebrava a cara daquele imbecil, professor de m… mas naquela época como?
Só melhorou quando mudamos de casa, depois que minha avó faleceu e minha mãe acalmou, acho que era minha avó que influênciava muito.
Mudei de colégio, fui para um menor, pois o anterior era grande, não religioso, e foram os melhores 3 anos.da minha vida até hoje, tinha amigos, tinha coisas que nunca tive na vida, mas acabou, meus amigos arrumaram namoradas e ninguém mais se falou, eu só tive uma namorada, que quase foi empurrada para mim, mas não deu certo muito tempo, a família dela era bem complicada também.
Não consigo me relacionar, toda vez que tento falar com alguém falho miseravelmente, na minha cabeça passa um filminho com todo o bullying, as comparações, as broncas e tudo mais, até hoje, todo dia, quase 20.anos depois.
Fiz duas faculdades mas não me dei bem em nenhuma área, falo duas línguas, e tenho vários cursos, mas não adianta, não consigo evoluir, estou em um emprego que não uso nem 1/10 do que aprendi.
Perdi grande parte da vida, não consegui aproveitar muitas experiências, perdi muita coisa.
Quase todas as pessoas da minha idade casaram e tiveram filhos, eu como sempre sozinho.
Tive problemas de saúde por causa do peso, comia demais, perdi muito peso depois, muito mesmo, vou na academia, a.mimha cara e aparência mudaram.pelo menos isso.
Mas minha vida é vazia, hoje só tenho minha mãe mesmo, e um dos meu tios, são tudo que tenho, o que restou da “família”.
Acho que vou morrer sozinho, já me conformei. Sempre engoli tudo a seco, sempre suportei tudo sozinho, em silêncio.
Não gosto da igreja católica, por motivos óbvios, eu rezo sozinho mesmo.
Quero ir embora do país, nunca gostei daqui, nunca nada deu certo para mim aqui, e acho que nunca vai dar.
Apesar de ser muito tímido, desajeitado e indesejado,.eu sonho em ter uma companheira, uma mulher que goste de mim, que não me ache nojento, ia me dedicar a ela, ia honrar ela, ia dar todo o carinho e atenção, pois se eu fizesse alguém feliz , ainda que um pouco, acho que tera valido a pena, talvez a família dela me aceite, sou trabalhador, estudado, responsável, não tenho vícios e nunca me envolvi com problemas, já que família eu nunca tive mesmo.
Acho que filhos para mim não dá, não tenho estrutura emocional, não quero fazer nenhum criança sofrer, não quero ser mal pai.
Se eu tivesse, defenderia e honraria minha família com minha vida, não como foi comigo, mas acho que não dá.

Não penso em ter filhos,

Isso só melhorou quando, depois que minha avó faleceu, minha mãe ficou mais calma, acho que era minha avó que causava , tudo aquilo,

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agosto 14, 2023
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  • agosto 25, 2023
    Tamyres Fontes

    Olá meu amor como você está hoje? Espero que melhor. Então, estive lendo seu longo relato e pude perceber que você precisa urgentemente conversar com um profissional e não se sinta mal por isso, pois na verdade todo ser humano precisa de terapia para organizar ideias e até mágoas que carregamos. Não sei se você tem amigos, mas caso tenha, desabafe se for preciso, mas não guarde nada de ruim para si, compreende? E sobre a questão dos seus relacionamentos familiares, não se importe tanto, cresça saudável, estude, trabalhe e viva sia vida longe deles, tenha algo em sua cabeça, só pq são familiares que devemos aguentar ou levar nas costas, podemos nos livrar, pq não?! Se aquilo não contribui com nada, então não vale tanto a pena ter por perto, pense nisso. Outra coisa: existe caminhos ótimos para você trilhar, e conhecer novas pessoas, então não se apegue as circunstâncias do presente, olhe para seu futuro com esperança de que tudo vai melhorar e tudo que passei contribuiu para ser quem sou, pense nisso. Não se prenda a nada que te aconteceu, aprenda a jogar fora tudo que te faz mal ok?!

    • agosto 27, 2023
      Flávio

      Obrigado, as vezes só queremos por pra fora o que carregamos, desabafar realmente, isso ajuda a aliviar e a entender melhor o que acontece e nem sempre temos como. Este é um site sério, diferente de outros que não são. Pretendo ainda procurar ajuda profissional. As vezes só precisamos de um palavra gentil. Muito obrigado

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